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anotações / notes


ARQUITETURA DA RESISTÊNCIA
por BijaRi


Gentrificação: Processo de restauração e/ou melhoria de propriedade urbana deteriorada realizado pela classe média ou emergente geralmente resultando na remoçao de população de baixa renda.

A abordagem da arquitetura pela qual o BijaRi tem se preocupado e desenvolvido é a da relação de cidadão com o espaço público, com a vida pública.

Trazer a tona que a cidade não é um espaço pronto e estabelecido por vontades politicas impostas de cima para baixo. Entender a cidade como um espaco em permanente construçao, passível de participação e urgente de inclusao, tem sido a pratica de nossas artes.

A grande metropole é um lugar excludente.

A percepçao sobre a apropriaçao do espaco, e pelos que nela vivem, é o intuito dos trabalhos que desenvolvemos.

Nos últimos 4 anos criamos projetos que questionam o espaço público, evidenciam as relaçoes de poder ocultas no cotidiano, através de artificios artisticos que servem para recortar e ampliar determinados aspectos sobre a percepcao do espaço da cidade.

Num processo inverso da arquitetura que constroi obras sólidas, criamos trabalhos efêmeros que se orientam pela ruptura de padrões solidificados dentro de cada indivíduo, permitindo a reflexão sobre os temas abordados.

Certa vez, realizamos uma ação artistica, onde introduzimos um Objeto Analisador das relaçoes presentes num espaço, em meio ao movimentado Bairro de pinheiros. Espaço que pela curta distância que separa os pólos economico-socias da nossa cidade, se apresenta como recorte da realidade.

Utilizando uma camera de video para o registro da ação, primeiro inserimos uma galinha no ambiente de uma das ilhas de pedrestres no Largo da Batata, onde os camelos e passantes dividem o espaco com os onibus e carros que circulam pelo largo. Em um Segundo momento, inserimos a mesma galinha na frente de um shopping center famoso da Av.Faria lima.

A galinha funcionou entao como uma especie de termometro que nos revelavam dicotomias sobre coo pensam pessoas que habitam o mesmo espaço.
De um lado, a galinha era a Soluçao! Varias pessoas se agomeraram, correram atras da galinha, o objeto de facinio que desperta a cobiça, uma oportunidade de leva-la para casa, ou até come-la. De outro, era um problema! Depois que a galinha começou a circular na frente do shopping, os passantes desviavam, olhavam desconfiados, meio expantados com a presença de uma galinha ali na cidade! Alguns desviavam, outros exitavam cruzar aquela criatura. Aos poucos fomos sendo cercados: tres guardas apreceram depois de um vigilante passar a situacao pelo radio. Em 1 minuto chega uma grande viatura pela calcada, com varios homens que nos abordaram meio nervosos, até com medo da situaçao, preocupados com aquele novo elemento ciscando em sua freguesia.

Em outra intervençao, um cartaz lambe-lambe que continha a definição de gentrificação foi criado após inúmeras tentativas e dificuldades para se explicar que a reurbanização de um espaço público não deve ser necessariamente excludente.

Oportunamente, tem sido assim usado nos projetos oficiais de revitalização tanto do Centro como o Largo Batata, alias como todas as Operações Urbanas nas Zonas Oeste e Sul, com sua proposta de limpeza urbana: remoção de moradores pobres e comércio ambulante de areas valorizadas pelo Mercado; ampliação e melhoria do sistema rodoviário, criação de um ambiente propício aos negócios(quais negócios?). Utilizam como pretexto o binômio trânsito e segurança. Tal processo visa renovar o estoque de solo urbano no mercado e alienar seu potencial transformado em título. A cidade ao se transformar em mercadoria cria a exclusão e negação do outro.

Esse mesmo cartaz começou a ser colado em locais que passavam por processos excludentes de reurbanização como as ocupações dos movimentos pela moradia no centro de São Paulo, criou uma ação onde os cartazes foram colados pelos próprios moradores em prédios que tiveram sua posse reintegrada judicialmente.

Dessa forma, um conceito que era do urbanismo elitizado passa a ser um conceito de resistência para todos, onde ao entrar em contato com este conceito, passam a questionar o produto da logica que constroi e regula a cidade. Deveria a classe baixa se retirar para a periferia, toda vez que se pensa em reurbnizar? Nao seria que todos tem direito a cidade e devem ser contemplados pela gestão da mesma?

Na potencializacao ao extremo desse conflito, a cidade se revela sob o Medo, onde proliferam os muros altos, cercas eletrificadas, grades, e a crescente presença dos profissionais de segurança privada com o controle por cameras e as catracas físico/conceituais que restringem os acessos as oportunidades e espaços.

Surge a arquitetura bolide! A cidade Shopping center!

A cidade que está sendo construinda está ligada a pratica da exclusao, e se inclina a um modelo de ocupar que nos aprisiona em espaços privados onde nos sentimos pseudo-seguros. As pessoas buscam viver dentro de capsulas estanques. Sonham em poder se mover de um lugar a outro em carros fechados. A janela fechada promete nos separar da ameaça externa. Do carro fechado para o trabalho vigiado, do escritorio para o shopping, do shopping para a casa cercada. As pessoas vivem em espaços murados, individuais, que nao dialogam com o espaco de fora, o espaço publico, e sim o nega.

A rua e as praças é o Lugar Estranho. Territorio que sobra entre uma porta e outra. Entre uma propriedade e outra. Ninguem se apropria dele, fica um espaço sem dono, territorio do medo, do nao-Eu. A rua se torna a sobra e é o espaço das sobras. Dos sem acesso ao privado.

Com estes artificios para destacar certas questoes, acreditamos estar contribuindo para um entendimento que a construção da cidade, da própria arquitetura, passa antes pelo seu conhecimento. Por uma gestão participativa que possa criar uma resistência a esta forma de construir cidades, em que poucos decidem investir de forma massiva na especulação e manutençao de seus proprios interesses e não no bem comum, na res publica.

Quanto às inscrições na cidade, ha que se fazer isso todos os dias, a todos os momentos. Se existe alguma coisa que nos une é este esforço de viver a cidade com os pés, as mãos e a experiência e de fato transformá-la. Enquanto não tivermos uma consciência da supressão de nossos direitos estaremos fadados a não tê-los.

Texto publicado no Caderno Aliás do Estadão.

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5ª BIENAL VENTOSUL/GUSTAVO GODOY/2009

A ação consiste na distribuíção de 500 vendas para o público presente durante a abertura da Bienal. A venda com a frase: TIRE SUA VENDA possui um duplo sentido, de trazer a atenção para a realidade que está diante de nossos olhos e, ao mesmo tempo, uma ironia com o caráter comercial do circuito contemporâneo das artes plásticas. As vendas serão distruídas diante de obras de grande valor comercial ou em locais onde a realidade é excluída através da indiferença das pessoas.

O trabalho apresentado para a Bienal nos revela e discute a condição do homem contemporâneo. Uma condição oculta  e abafada pelo poder homogenizador da cultura global.

Solar do Barão, Curitiba, 2009.
Abertura 08/08

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INDIVIDUAL DE GUSTAVO GODOY NA GALERIA PLASTIK/2008

TIRE SUA VENDA
JANELAS DA REALIDADE


O trabalho JANELAS DA REALIDADE, do artista Gustavo Godoy, apresenta-se na Galeria Plastik como um conjunto de memórias, impressões e registros dispostos em composições associativas que recriam a realidade e discutem a condição global do homem contemporâneo.

Impregnado por aspectos locais, o artista, utiliza-se da criatividade e capacidade de adaptação para compensar a falta de recursos diante do “mainstream” do circuito contemporâneo. São resíduos do estado humano e a memória da sua condição que se faz presente nesta obra.

Objetos como ninho de pássaro, bala de revólver, osso, lâmpada, livro, entulho histórico, asfalto, comprovantes de compras, pedras, madeiras e papelão coletados no tempo e espaço público são postos ao espectador como uma narrativa-não-linear, numa tentativa de resgate da existência humana através de seus próprios vestígios. A sobreposição de significado pela associação desses objetos e imagens, propõe ao observador uma profunda reflexão sobre sua própria condição.

A leitura do trabalho decorre sob o descobrimento de camadas e significados dipostos no campo visual como se fossem janelas/vitrines invertidas que nos revelam uma realidade excluída. Uma realidade oculta e abafada pelo poder homogenizador da cultura global que nos é revelada aos olhos desvendados pela obra de Gustavo Godoy.

Venha tirar sua venda nesta exposição!

Galeria Plastik, 2008.
Abertura 25/03

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INDIVIDUAL DE GUSTAVO GODOY NA GALERIA FAVO/2006

A verdadeira função da arte fica mais clara com Gustavo Godoy na Galeria Favo. Frequentemente os artistas ficam limitados a atender um mercado, usando um vocabulário viciado, e a arte fica reduzida a um subproduto, movimentando outros interesses: não é o caso desta exposição. No contexto atual da arte, o papel de uma Galeria é muito sensível.

Com Gustavo Godoy vive-se a utopia da arte pela arte, com o exercício do juizo estético, e a preservação de um estado contemplativo. A produção do artista não tem segundas intenções, por isso mesmo estamos diante da exposição mais experimental ja realizada na Galeria, evitando o pseudo-experimentalismo, e sem confundir polêmica com experimentação. Godoy está acima da arte, porque ele é mais do que um artista. Sua produção tem um frescor pouco contaminado pelo sistema, sua criatividade é pautada pelo princípio humano mais sagrado: a qualidade de vida.

O trabalho de pintura de Yuri Godoy, o filho do Gustavo, aos 10 anos de idade, inserido na mostra, merece longas reflexões à parte, basicamente reforça a tragetória transversal da exposição, e da Galeria, em relação ao chamado "mainstream" do circuito contemporâneo.

RICARDO RAMALHO
, galerista.

Galeria Favo, 2006.
Abertura 19/10

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maio/2008
Gosto de pensar a arte como um reflexo subjetivo da realidade através do qual estabelecemos novas relações para entendê-la e assim poder transformá-la. Dessa forma sempre encarei a arte como um meio para comunicar aquilo que sou, sinto, penso ou que julgo relevante diante de tudo que vivemos.
É importante que minha arte consiga comunicar e não seja apenas uma abstração visual, sem significados diretos.

Artistas que me inspiram:
BijaRi, Cildo Meireles, Marcelo Cidade, Leon Ferrari, Andy Warhol, Richard Serra, Santiago Serra, Robert Smithson, Helio Oiticica, Anselm Kiefer, Nuno Ramos, Arman, César, Wodizco, Joseph Beuys, Antoni Tápies, Duchamp, Pollock, Baquiat, Rauschembrg, Crhisto, Antoni Muntadas, Antoni Abadi, Damein Hirst e Gordon Mata Clark, Chris Burden. Entre outros.




Video instalação na 5ª Bienal VentoSul - Latino Americana de Artes Visuais. LCD com video da ação, a venda pregada e a cadeira cedida nobremente pelo "great friend" Norbert Attard, Solar do Barão, Curitiba, 2009.


Gustavo Godoy e Yukihiro Taguchi na 5ª Bienal VentoSul - Latino Americana de Artes Visuais, Solar do Barão, Curitiba, 2009.


Ação na abertura da exposição na Galeria Plastik, 2008.


Imerso no Parangolé-CosmoPedra do artista experimental F? para 'amplificar' a música do violinista no metro de Madrid, 2008.


Atestando o processo gentrificador, intervenção do grupo BijaRi, Bairro Legazpi, Madrid, 2008.


Apresentação do BijaRi, eu e Eduzal, no encontro de coletivos ES/BR em Madrid, durante a ARCO8, 2008.


Actitud Sospechosa 01, San José, Costa Rica, 2006.


Actitud Sospechosa 02, San José, Costa Rica, 2006.



Convite da exposição na Galeria Favo, 2006.


Participação do Yuri Godoy na exposição da Galeria Favo, 2006.


Preparativos para exposição na Galeria Favo, 2006.


Preparativos para exposição na Galeria Favo, 2006.